Justiça
Militares rebatem Barroso: “Mandou mal” em críticas sobre atuação no TSE
As declarações do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, acusando as Forças Armadas de desempenharem um “papelão” no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante a campanha política de 2022, geraram desconforto no Exército.
Durante uma palestra na PUC-SP em 4 de março, Barroso afirmou que os militares foram “manipulados” e “arremessados na política por más lideranças”, referindo-se à participação de oficiais das Forças Armadas em uma comissão de transparência do TSE durante a última eleição presidencial.
Na cúpula do Exército, oficiais afirmam, em caráter reservado, que quem “mandou mal” na história foi o próprio Barroso, ao convidar os militares para compor a comissão. “Ele se esquece de quem nos colocou nessa história, que foi ele”, disse um general à colunista Malu Gaspar, do jornal O Globo.
O magistrado presidiu o TSE de maio de 2020 a fevereiro de 2022, período em que a Corte Eleitoral incorporou as Forças Armadas em uma comissão de transparência, criada para ampliar a fiscalização do processo eleitoral. O grupo foi instituído em setembro de 2021, com o convite aos militares partindo de Barroso.
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Além dos militares, a comissão contava com representantes da OAB, Polícia Federal, Congresso Nacional, especialistas e entidades da sociedade civil. A decisão de envolver os militares na discussão sobre a transparência e confiabilidade das urnas eletrônicas gerou debates com argumentos favoráveis e contrários.
Barroso defende a decisão, argumentando que a resolução aprovada em 2019, durante a presidência de Rosa Weber, previa a participação das Forças Armadas na fiscalização e auditoria do processo eleitoral.
Entretanto, a comissão tornou-se palco de uma crise entre o governo Bolsonaro e os militares de um lado, e Barroso, o TSE e o STF de outro. Os militares questionaram o TSE com perguntas e suspeitas infundadas, sendo utilizada pelo governo como uma frente na disputa contra as urnas eletrônicas.
Como resultado do trauma decorrente dessa experiência, o TSE, sob o comando de Alexandre de Moraes, excluiu as Forças Armadas do grupo de entidades fiscalizadoras em setembro do ano passado.
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