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Direitos Humanos

Homem preso por 12 anos tem condenação anulada após descobrirem que única testemunha do crime era cega

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Muitos documentários e séries aclamadas — como ‘A Tênue Linha da Morte’ (1998), ‘After Innocence’ (2005) e ‘Olhos que Condenam’ (2019) — já retrataram histórias surreais de condenação injustas, assim como produções ficcionais emocionantes, como ‘À Espera de um Milagre’ (1999) e ‘O Fugitivo’ (1993).

E a história triste por trás do norte-americano Darien Harris tem tudo para aparecer em breve nos roteiros de Hollywood. Após 12 anos atrás das grades, ele foi libertado na terça-feira (19) por causa de uma situação bizarra: sua condenação se baseava no depoimento único de uma testemunha que foi considerada legalmente cega.

Segundo a BBC e a NBC, Darien tinha 18 anos quando foi preso pelo assassinato de Rondell Moore em 2011, em um posto de gasolina. Ele foi condenado em 2014, pouco antes de se formar no ensino médio, e foi sentenciado a 76 anos de prisão.

“Esses 12 anos e meio de reclusão não foram nada fáceis”, disse o homem, que já está com 30 anos, aos repórteres. “Mas eu lutei e agora estou aqui”. Ele concluiu: “Nem parece real agora, mas consegui”, celebrou, na saída da prisão em Illinois.

Darien Harris — Foto: Reprodução/Facebook

No momento do assassinato, a única evidência de vídeo mostrava um homem – cuja identidade era difícil de determinar – saindo de um carro, correndo e disparando já fora do alcance da câmera. Dexter Saffold, principal testemunha do caso, apontou para Darien Harris — que não tinha antecedentes criminais — na hora de reconhecer o criminoso. Posteriormente, o rapaz foi acusado e condenado; na época, ele disse que estava em casa assistindo a um jogo de basquete quando ocorreu o assassinato.

A reviravolta partiu de uma proativivade do próprio Darien, que descobriu que a testemunha era considerada legalmente cega. Ele contou com o apoio de outro presidiário, que o ajudou a fazer as pesquisas. A testemunha sofria de glaucoma avançado no momento do crime e tinha visibilidade severamente limitada; isso nunca foi mencionado durante o julgamento. O vídeo da câmera de segurança do local também revelou que a testemunha estava mais longe do crime do que alegou inicialmente.

Numa entrevista à CBS em 2019, Dexter Saffold admitiu que era de fato considerado legalmente cego, ao confirmar o glaucoma. “Eles (os promotores) não fizeram nada de errado porque não sabiam. Eu não precisei contar a ninguém sobre meu histórico médico.”

Ao juiz, não restaram alternativas a não ser anular a condenação absurda após os promotores do caso retirarem todas as acusações.

A advogada de Darien, Lauren Myerscough-Mueller, disse que seu cliente agora planeja cursar direito para poder ajudar outras pessoas que foram condenadas injustamente. “A justiça deveria ser cega. A testemunha ocular, não”, alfinetou.



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