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Nicolás Maduro faz live com perfis falsos


Ditador faz sucesso com vídeo sobre comida típica no TikTok, mas 80% das crianças venezuelanas não têm o que comer


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Nicolás Maduro, ditador da Venezuela e aliado internacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fez uma live com perfis falsos na noite da última quarta-feira, 21.

Por volta das 22h no horário de Brasília (21h em Caracas, capital venezuelana), Maduro tinha 800 espectadores assistindo à “Transmissão Presidencial” ao vivo em seu Instagram, sendo que a maioria delas eram perfis falsos, com nenhuma publicação e geralmente com nenhum ou quase nenhum seguidor.

Mas enquanto tenta controlar o acesso dos venezuelanos à informação, Maduro tem se aventurado no mundo da comunicação digital e das redes sociais. O canal do ditador no YouTube lista 1,3 mil vídeos publicados e 88,9 mil inscritos. Por lá, ele publica desde vídeos do Maduro Podcast a trechos de programas transmitidos na televisão apresentados por ele. Em Con Maduro +, o déspota atua no programa de auditório como se fosse um apresentador de TV como Silvio Santos, buscando arrancar sorrisos da plateia.

No TikTok, Maduro tem 1,5 milhão de seguidores e gosta de publicar vídeos em que aparece rodeado pelo povo, como um ídolo entre seus fãs. As edições dos vídeos seguem uma linha dinâmica, típica das redes sociais, com vários estímulos, emojise até músicas de trends.

Maduro faz sucesso com vídeo sobre comida típica no TikTok, mas 80% das crianças venezuelanas não têm o que comer

Em um vídeo que também foi publicado no Instagram, Maduro aparece perguntando “de onde vem a arepa?”, um prato típico de seu país, e é respondido com gritos de “Venezuela”. “Onde nasceu a arepa?”, pergunta novamente. “Venezuela”, responde uma plateia em gritos. “Onde se desenvolveu a arepa?”, pergunta de novo. “Venezuela”, grita a plateia mais uma vez. No Tiktok, o vídeo tem mais de 14,5 mil curtidas e mais de 1,5 mil comentários.

No Instagram, onde Maduro tem 1,4 milhão de seguidores, o mesmo vídeo tem 14,4 mil curtidas e mais de 4 mil compartilhamentos. “Época em que havia comida na Venezuela”, comentou um seguidor na publicação. O ditador também recebeu vários comentários positivos, com emojis de coração e de palmas.

Por causa da fome e da crise humanitária profunda, ao menos sete milhões de pessoas já deixaram a Venezuela. E pelo menos 6,5 milhões de pessoas passam fome no país, segundo o relatório “Panorama regional de segurança alimentar e nutricional da América Latina 2022”, publicado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Já Antonio Ecarri, presidente do movimento Alianza Del Lápiz, da Venezuela, estima que 80% das crianças venezuelanas não têm o que comer.

Maduro varia as publicações de seus vídeos chamativos de reels e modelo do TikTok no Instagram com fotos de agendas políticas ou com seus aliados. Em 14 de fevereiro, ele comemorou o Dia dos Namorados Internacional, “Día del Amor y la Amistad” na Venezuela, com uma foto beijando sua mulher, Cilia Flores, apelidada por ele de “Cilita”.

Hoje sou grato pela bênção de estar ao lado de uma mulher extraordinária, que me acompanha em meus sonhos e ideais, que compartilha meu amor pelo país”, disse Maduro na publicação. “E luta comigo sem descanso, inspirando-me com seu otimismo, coragem e força. Para minha esposa Cilita, feliz Dia de Amor e Amizade!”

O perfil de Maduro no Twitter/X, por sua vez,  tem 4,6 milhões de seguidores e costuma seguir o padrão tradicional dos perfis de políticos e governantes, com publicações sobre agendas ou posicionamentos, e, algumas vezes, vídeos do TikTok.

Confira (o player está na parte de baixo do vídeo):

Muitos dos perfis falsos utilizavam fotos de personalidades famosas, nenhuma foto ou alguma de um banco de imagens. O rosto da atriz norte-americana Amanda Seyfried — estrela de filmes como Meninas Malvadas(2004) e Mamma Mia (2008) —, inclusive, estampava a foto de perfil de várias das contas falsas femininas.

A Telefónica, transnacional espanhola que opera desde 2005 no país comandado por Maduro, revelou que recebeu mais de 1,5 milhão de pedidos de “interceptações” de suas linhas de telefone e acesso à internet na Venezuela em 2021. Para os defensores dos direitos humanos, a ação foi um avanço de um programa de “vigilância em massa” da ditadura venezuelana. As interceptações pularam de 380,2 mil em 2016 para 861 mil em 2021, com mais de 1,5 milhão de acessos afetados.




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